Reviews - março 2018 (I)


The Diary Of Patrick Xavier (STU HAMM)
(2018, Independente)
Stu Hamm é um fantástico baixista com créditos firmados em imensos lançamentos icónicos – a solo, com Frank Gamble e Steve Smith, com Joe Satriani, com Steve Vai, com Ritchie Kotzen, com Steve Fister. Por isso pergunta-se – que raio lhe passou pela cabeça para lançar um álbum destes? The Diary Of Patrick Xavier não é mais que um conjunto de exercícios com o baixo e que apenas interessará aos baixistas. Porque, musicalidade, canções, melodias, seja lá o que lhe quiserem chamar, há muito pouco – apenas em duas ou três faixas. Claro que a técnica e a capacidade de execução estão lá. Mas é pouco, pelo menos para quem espera ouvir música. [53%]


Damo Suzuki & Jelly Planet (DAMO SUZUKI & JELLY PLANET)
(2018, Purple Pyramid)
Dois temas. Longos. Muito longos. É quanto basta para o regresso de Damo Suzuki, aqui em junção com os Jelly Planet, num trabalho homónimo. Contextualizemos. Damo Suzuki foi o vocalista original dos seminais Can, banda de krautrock e, apesar de retirado para trabalhos de estúdio, vai continuando a deliciar audiências um pouco por todo o mundo com a suas explorações sonoras. A mais recente, registada em disco, é feita, então, em conjunto com o quarteto germânico, seguidores do trabalho dos Can (até no nome!), Jelly Planet. O resultado? Dois temas, a rondar a meia hora, cada de pura exploração sónica e devaneios completamente fora da caixa. Experimentação levada ao extremo, pitadas de musicalidade aqui e ali, estruturas nada ortodoxas e espaço para muita divagação e improvisação. [60%]


Parting Is (JON DURANT)
(2018, Alchemy Records)
Depois de três aclamados álbuns com a sua banda, os Burnt Belief, Jon Durant lança o seu primeiro trabalho a solo desde Dance Of The Shadow Planets de 2011 e, desta vez, tomando a opção de ser um álbum totalmente orientado para a sua guitarra. Parting Is é um disco muito pessoal e altamente emocional, onde as partes contemplativas e intimistas preenchem a totalidade da sua duração. São criadas diversas paisagens de diferentes texturas e cores e todos os sons são criados pela guitarra ou pelo fretless de Jon Durant. Bastante espaço para a experimentação também é aqui disponibilizado, mas Parting Is soa-nos, essencialmente, a um álbum com melodias básicas e sem intensidade. Um disco intimista e calmo não tem que, necessariamente, perder a sua fibra e nervo. Mas este Parting Is é amorfo e maioritariamente potenciador de um longo bocejo. [46%]


Decadence (GONG EXPRESSO)
(2018, Independente)
O nome não engana. Os Gong Expresso é um coletivo que junta seguidores da filosofia musical dos Gong, nomeadamente dos PM’s Gong, aquele que é considerado o nome maior da gigantesca árvore genealógica dos Franceses. Estes são canadianos e para Decadence não esperem longas e exuberantes demonstrações de virtuosismo numa onda de jazz/fusão. Pelo contrário, estes oito novos temas marcam pelo seu registo downtempo, numa exploração suave da melodia e das harmonias, maioritariamente livre de qualquer distorção. Este é um disco onde se criam atmosfera íntimas e onde o desassossego é abandonado em detrimento da expressividade. [61%]


Portuguese Freak Show (THE DIRTY COAL TRAIN)
(2018, Groovie Records/Garagem Records)
34 músicas? Em 79 minutos? E o vinil ainda tem mais 4 extra? Feitas as contas – no CD promo que recebemos – dá menos de dois minutos e meio por música. O que é possível incluir, numa perspetiva de capacidade de composição, em tão pouco tempo? Muito pouco e é precisamente isso que acontece em Portuguese Freak Show. O objetivo será, naturalmente, esse, e em alguns aspetos até nem se sai nada mal, nomeadamente ao nível dos esboços – esboços de solos, esboços de melodias, esboços de arranjos. Produção crua, distorção abrasiva, num demasiadamente longo álbum de punk DIY, garage rock e cinema da série B. Alguns sopros ainda melhoram um pouco o ambiente, mas as deficiências a vários níveis são bem visíveis. [45%]

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